Nota: O Tema da persona foi rediscutido de forma aprodunda no “Algumas considerações sobre o lugar da persona”( http://psicologiaanalitica.com/2015/05/02/algumas-consideraes-sobre-o-lugar-da-persona/ ). Este texto foi ligeiramente revisado em 07/09/2015
A persona é um dos conceitos junguianos mais conhecidos. E, também, um dos conceitos que podemos perceber em nosso cotidiano de uma forma muito simples e objetiva.
O termo persona tem origem latina o per sonnare, que significava (originalmente) por “onde o som passa ou ressoa”. Era o termo que indicava as máscaras utilizadas pelos atores no teatro antigo, que tinham a função tanto de caracterizar o personagem quanto auxiliar na projeção(ou amplificação) da voz.
Jung adotou esse termo para indicar essa formação psíquica que se relaciona diretamente com o Ego, mas tem sua constituição relacionada à consciência coletiva. A Persona tem como objetivo intermediar as relações entre o individuo e o sociedade, para tanto ela atua como uma ponte, viabilizando o contato entre o ego e os outros. Isso é possível, pois a persona agrega a si todos os aspectos relacionados aos papéis ou funções sociais, fornecendo ao Ego os elementos necessários para um bom ajuste social.
No geral, nos referimos a “Persona” tanto ao conjunto dos papéis sociais desempenhados pelo individuo quanto a cada papel em sua individualidade. Por ex., a persona de um individuo é formada pelos papel filho, esposo, pai, profissional, amigo. Em cada um desses papéis há um conjunto de responsabilidades e forma de proceder – em caso de neuroses, é comum os indivíduos desenvolverem personas inadequadas, como agir como “filhos” de suas Esposas. Ou ter dificuldade em passar de um papel para outro, como por exemplo, ser sempre o “profissional”, agindo em casa com a família, como age no trabalho.
Assim, a persona é a dinâmica própria de adaptação as circunstâncias do meio, por isso, ela está ligada fortemente ao meio externo. Devemos notar, que a persona acompanha nosso desenvolvimento e se transforma de acordo os processos de nossa vida. Uma forma de notarmos a Persona, em nosso dinamismo inconsciente, são nos sonhos. Como dissemos, a persona por se relacionar a adequação e relação social, muitas vezes aparece representada nos sonhos como nossas roupas. É muito comum (em especial quando crianças e adolescentes) sonharmos de estarmos “sem roupa” na escola indicando um certo despreparo ou uma ansiedade em relação a situação escolar. Dessa mesma forma, na adolescência e vida adulta se torna mais comum o sonhos onde estamos em locais com a roupa inapropriada (como estar na igreja de pijamas).
Mas, a persona nos sonhos muitas vezes nos indicam processos de transição, de transformação interna, para onde nosso desenvolvimento deve seguir, ou qual atitude o ego deve integrar. Eu me recordo de um sonho bem especial, pois, foi na época de minha formatura, no meu sonho “eu estava no prédio da psicologia, na sala de minha supervisora, (onde também ocorriam as supervisões clinicas). Eu estava sozinho, eu saia da sala e ia em direção ao pátio interno, chegando lá havia muitas pessoas, vários colegas de turma que se formavam comigo, e estavam ocorrendo uma festa. Ao ver essa festa, eu retorno pelo corredor, corro até a sala de minha orientadora (que continuava vazia) troco de roupa, colocando uma mais adequada a festa. Saio mais seguro e vou para a festa.(o sonho acaba logo depois que eu entro no pátio). Esse sonho marcou o fim de meu período de estudante e inicio de minha vida profissional.
A mudança ou adaptação da persona nem sempre é um processo simples. Muitas vezes, tentamos fugir desses processos – que na verdade é uma fuga de nossa própria vida e de nosso desenvolvimento natural. O Medo de enfrentar nossa vida e do momento em que vivemos é muitas vezes denunciado pela inadequação da persona, por exemplo, jovens que se casam mas, querem manter uma atitude de solteiro, como uma dificuldade de enfrentar o momento da própria e as responsabilidades que acarretam.
A Persona reflete a maturidade do Ego, por isso, muitas vezes no processo de individuação é necessário um redimensionamento da persona para que ela seja realmente adequada ao que o individuo realmente é. Assim, torna-se necessário desvincular a persona das possíveis fantasias que o individuo tem de si mesmo ou da excessiva dependência das normas externas, que impedem que o individuo se desenvolva.
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Fabricio Fonseca Moraes (CRP 16/1257)
Psicólogo Clínico de Orientação Junguiana, Especialista em Teoria e Prática Junguiana(UVA/RJ), Especialista em Psicologia Clínica e da Família (Saberes, ES). Membro da International Association for Jungian Studies(IAJS). Formação em Hipnose Ericksoniana(Em curso). Coordenador do “Grupo Aion – Estudos Junguianos” Atua em consultório particular em Vitória desde 2003.
Contato: 27 – 9316-6985. /e-mail: fabriciomoraes@yahoo.com.br/ Twitter:@FabricioMoraes